Nada é mais cansativo do que tentar mudar uma pessoa que não quer ser mudada, mesmo que essa mudança beneficie exclusivamente a própria pessoa que necessita de uma melhora.
Nada é mais exaustivo do que ficar repetindo letra por letra sobre as consequências negativas de atos impensados, tentando desesperadamente fazer com que o outro veja o que queremos expor, compreendendo coisas que muitas vezes para nós parecem extremamente simples ou racionais.
O problema é que muitas vezes queremos isentar quem gostamos de sofrimento ou situações dolorosas. No entanto, não percebemos que ao isentá-la de um sofrimento necessário ou ainda uma experiência, por mais desastrosa que pareça, ao invés de auxiliar ou protegê-lo, estaremos apenas expondo-a a perigos a longo prazo.
O ser humano desde o nascimento inicia um processo de assimilação de informação de tudo o que está à sua volta. E o acúmulo destas informações formarão uma base de dados, que poderá ser utilizada para coisas simples como falar, entender o que ouve, entender o que vê e principalmente as decisões do que fazer ou pensar.
“A culpa é como uma
febre no bom senso”
Porém, mesmo aprendendo através dos nossos sentidos (audição, visão, tato, olfato e paladar) sobre o que é quente, frio, seco, molhado, doce, azedo, cócegas e dor etc.), ainda vamos ter os ensinos impostos pela sociedade em que vivemos, como costumes, moralidade, educação, comportamentos, crenças. Enfim, aceitamos esses dois canais de informações como fontes de evolução intelectual. Porém, existe ainda uma fonte de informação extremamente importante, inclusive, que poderá colocar toda teoria que formatamos através de nossa base intelectual a prova: a experiência!
Quando precisamos passar por algo que inicialmente nos parece fácil e irrelevante, e percebemos que a informação e conhecimento teórico de determinado assunto não são suficientes para conter as sensações e sentimentos contidos no mesmo corpo, testamos além de nosso nível de inteligência. Testamos também o nível de nossa consciência, nosso autocontrole emocional.
Mas então nos perguntamos:
Se a assimilação de informação, expandindo nossos conhecimentos, nos torna pessoas evoluídas intelectualmente, por que não é suficiente para conter nossos impulsos? O que nos torna evoluídos espiritualmente?
Esta pergunta poderá ter muitas respostas, como: “ sabe-se que é evoluído quando a ofensa do eu próximo não te inflar o ego” ou ainda “quando a balança de tua consciência pender fortemente para a necessidade de amar, tornando o peso do ódio irrelevante, então saberá que és uma pessoa melhor”. Entre essas há centenas, mas vamos nos dedicar a uma característica básica e primitiva de uma pessoa da qual tem a consciência acordada.
A culpa
A explicação é muito simples: nem sempre a evolução intelectual anda emparelhada com a evolução espiritual. Ou seja, um homem que pouco desconhece sobre leis poderá ter nítido em sua mente as consequências negativas ao cometer um crime, como por exemplos roubos, traições e assassinatos.
No entanto, um conhecedor das leis poderá inclusive utilizar do seu intelecto para manipular o sistema, para poder cometer crimes que, para ele, são ferramentas para chegar aos seus objetivos.
A culpa é como uma febre no bom senso, ela causará um mal-estar, uma diminuição no ritmo do doente e também fará com que ele pare e reflita o que ele fez para que ele chegasse a esta situação. Logo, analisando os sintomas ele chegará a causa e perceberá que o único capaz de inflamar nossa consciência somos nós mesmos.
A culpa tende a dilatar os pensamentos e também os pontos de visões das pessoas, a partir daquele momento, a pessoa tomará um maior cuidado para não voltar à etapa febril, agindo de forma mais cautelosa para com os outros, lógico tendo em vista o bem-estar de si próprio.
Quem se culpa verdadeiramente assume a responsabilidade de ato danoso que cometeu. Em algumas situações ele tentará corrigir em outras ele simplesmente evitará cometer novos atos.
Ela é a reação necessária para a expansão do intelecto espiritual. E ela sempre queimará de dentro para fora e não ao contrário, por isso, de nada vale tentar convencer alguém a senti-la, ou ela sente ou simplesmente não.
A pessoa que não se responsabiliza pelos seus atos, normalmente possui o péssimo hábito de culpar os outros, podendo até mesmo acusar a pessoa que tenta ajuda-lo.
Por isso, por mais que desejemos que a pessoa entenda os argumentos ou exemplos que damos a eles, alguns conhecimentos ele só terá testando sua capacidade de decidir, mesmo que as consequências dessas decisões sejam ruins.
Todo êxito, fracasso, erro, acerto, alegrias e lamentações compõem nossa sabedoria, tentar evitar que outra pessoa experimente essas etapas é muito mais do que impedir consequências ruins e priva-la de num futuro saber como diferenciar as certas, e até mesmo acertar. Se ele não aprender as dores de uma queda, dificilmente saberá andar de bicicleta com segurança.
Paula Adriana Canella da Luz
(autora)
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